João Paulo Zanatto
14/05/2025
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A Federação Nacional das Apaes (Fenapaes) realizou nesta terça-feira (13) e quarta-feira (14), na sede da instituição, em Brasília (DF), o Encontro de Coordenadores de Educação e Ação Pedagógica, com o tema “A escola que temos e fazemos”. O evento reuniu os 27 coordenadores estaduais e especialistas em educação para discutir o panorama atual e o futuro das escolas especializadas, além de propor diretrizes para fortalecer a atuação pedagógica na Rede Apae.
A programação começou com a acolhida e abertura pelo presidente da Fenapaes, prof. Jarbas Feldner de Barros, seguida da apresentação do relatório “Panorama e Atuação da Escola Especializada na Rede Apae Brasil”, conduzida pela coordenadora nacional de Educação da entidade, Erenice Carvalho. Já o gerente Institucional, José Marcos, apresentou dados atualizados do Censo Escolar 2023, destacando o cenário das escolas especializadas e do Atendimento Educacional Especializado (AEE).
Estiveram ainda presentes outros membros da diretoria executiva da Fenapaes, a exemplo do vice-presidente Léo Loureiro, dos diretores Financeiros Narciso Batista (1º) e Ottão Pereira de Almeida (2º) e da diretora Social, Neuza Sá; além do gerente Administrativo e Financeiro, João Batista, do gerente de Mobilização de Parcerias Estratégicas, Erivaldo Fernandes Neto, e da equipe técnica da organização e da Faculdade Apae Brasil – Dr. Eduardo Barbosa.
Durante a abertura do evento, o prof. Jarbas não conteve a emoção e revelou o quanto desejava que esse encontro tomasse forma. “Essa reunião estava sendo muito aguardada. E confesso a vocês que estou assim: tremendo por dentro, ansioso”, declarou o presidente, ressaltando que a trajetória da Rede Apae foi desenvolvida ao longo de mais de sete décadas.
“Não se esqueçam que nós temos 70 anos de história. O movimento apaeano não foi construído da noite para o dia. Tem lágrimas, sofrimentos, renúncias, conquistas, derrotas, coisas amargas, coisas saudáveis, por tudo isso passamos. E nós sempre trabalhamos na área da educação com a nossa escola. Por isso o tema: ‘A escola que temos e fazemos’”, frisou.
Palavra do especialista
Um dos momentos-chave foi a palestra do professor e psicopedagogo Lucelmo Lacerda, que abordou o tema “A importância das escolas especializadas”. Segundo Lucelmo, que é doutor em educação com pós-doutorado em psicologia, grande parte das pessoas com deficiência hoje está em casa e não tem acesso a nenhum tipo de escolarização porque são os espaços que não estão conseguindo apoiar essas pessoas.
“É aí que entra, justamente, o papel fundamental das escolas especializadas, porque a inclusão não é estar na sala comum. Essa é uma visão equivocada e reducionista. A inclusão é você ter espaços apropriados para o máximo desenvolvimento dos indivíduos”, enfatizou.
Para o palestrante, nos últimos anos, a ideia de escolas especializadas foi tomada como um problema. Lucelmo disse acreditar que, dialogando de forma mais efetiva, as pessoas vão entender a importância da educação especializada para um sistema educacional verdadeiramente inclusivo.
“Precisamos tornar mais clara a comunicação com a sociedade, de que elas [as escolas especializadas] são parte do sistema inclusivo. Não pode ser mais uma ideia de uma sala que está relacionada a algum tipo de apoio essencial, mas, sim, uma educação super especializada, técnica e baseada em evidências”, afirmou.
Erenice Carvalho destacou ter sido gratificante a participação de Lucelmo Lacerda e corroborou com o psicopedagogo de que a escola especializada precisa se estabelecer com a valorização necessária.
“Foi muito importante a fala do Lucelmo, trazendo a realidade internacional de que todos os países do mundo têm escolas especializadas em seus sistemas educacionais. Então, esse momento de troca de ideias configurou a necessidade de nós trabalharmos no sentido de esclarecer o que é essa escola especializada para o nosso país, de uma maneira organizada, pacífica e compartilhada”, apontou.
Dividindo experiências
Como uma das atividades do encontro, os coordenadores compartilharam relatos acerca da realidade das escolas especializadas em seus estados, promovendo um diálogo sobre desafios locais e também boas práticas utilizadas. Na análise da coordenadora, essa prática é essencial a fim de que seja feito um diagnóstico preciso da situação dessa ferramenta do sistema educacional inclusivo em cada ponto do país.
“Nesses encontros presenciais, vem aquela sinergia estimulante, que nos torna capazes de fazermos os avanços necessários. Então, vamos continuar o debate, vamos continuar a participar da educação, no sentido processual e ascendente, para que a gente alcance uma educação de boa qualidade”, enfatizou.
Proposta coletiva
O evento encerrou com foco na sistematização das discussões e na elaboração coletiva de propostas para a Rede Apae. Ou seja, foi um momento estratégico para alinhar ações que garantam qualidade e equidade no atendimento às pessoas com deficiência.
“Agora, o próximo passo é cada coordenador levar as discussões que foram trazidas aqui, os debates, os pontos relevantes, para que, então, cada unidade federativa avalie as suas condições, demandas e expectativas em torno dessa escola especializada”, salientou a coordenadora nacional de Educação e Ação Pedagógica.
Após essa avaliação, todo o material coletado pelos coordenadores estaduais será encaminhado à Fenapaes para ser trabalhado por uma equipe. “Isto é, de modo que nós tenhamos uma proposta: a escola especial que somos, a que desejamos ser, seu papel e sua dinâmica. Para que a gente, de fato, apresente à sociedade essa escola especializada que pretendemos fazer e de muito boa qualidade”, finalizou Erenice Carvalho.